“Made in Taiwan” traz a São Paulo o cotidiano oriental
em mostra fotográfica no centro Cultural de Taiwan
Fotógrafo brasileiro Fábio Knoll revela as cores e as sombras de Taiwan em
mostra no Centro Cultural de Taiwan, em São Paulo, durante o mês de julho;
curadoria de Ricardo Resende traz à tona os contrastes de um país
fascinante, onde o tradicional e o contemporâneo dialogam
O Centro Cultural de Taiwan em São Paulo apresenta, de 07 de julho a 05de agosto, a mostra fotográfica “Made in Taiwan”, com 32 obras do fotógrafo brasileiro Fabio Knoll e curadoria de Ricardo Resende.
Geógrafo de formação, Fabio Knoll é um fotógrafo que investiga a particularidade das diferentes culturas que conhece em suas viagens. Já se vão anos desde que começou o minucioso trabalho de registrar o cotidiano de países como Brasil, México e Estados Unidos. Desta vez, partiu em viagem a Taiwan municiado de sua Leica, câmara que considera ideal para esse tipo de registro, uma vez que alia praticidade, discrição e, sobretudo, qualidade de imagem. Foi com ela que ele fez os mais de 800 registros fotográficos durante sua estada de quatro semanas na ilha de Taiwan durante o mês de abril de 2006, o início da primavera naquele país.
Fabio começou sua viagem pela capital Taipei, uma metrópole vibrante com mais de 2,5 milhões de habitantes, e Kaohsiung, outra grande cidade taiwanesa, onde mergulhou no universo riquíssimo de imagens do cotidiano dessa população de cultura milenar que conjuga a tradição e os avanços tecnológicos de maneira surpreendente. Em seguida, rumou para o interior do país, que se mostrou ainda mais intrigante, uma vez que ali, além de não haver praticamente estrangeiros, a população não domina nenhuma língua estrangeira, falando somente mandarim, a língua oficial do país.
“Primeiramente, a gente pensa que é o caos, com aquele monte de coisas acontecendo ao mesmo tempo, porém, prestando mais atenção, percebe-se que as relações entre as pessoas são amistosas e que a aparente desorganização das grandes cidades oculta traços de extrema organização e eficiência no interior das casas e dos edifícios”, elucida Knoll.
Uma das coisas que mais impressionaram o fotógrafo foi a segurança na ilha. “Há uma enorme preocupação com a preservação da honra e o budismo parece permear tudo, o que dá uma enorme sensação de segurança. Se no Ocidente a idéia de honra está ligada à impressão que alguém tem de outra pessoa, ali esse conceito é absolutamente interiorizado, cabendo a cada um zelar pela sua”, explica o fotógrafo, que também surpreendeu-se como fato dos taiwaneses, em sua esmagadora maioria budistas, terem o costume de arrotar em seus templos para purificar seus corpos.
Outro aspecto da vida taiwanesa que muito impressionou Knoll foi a intensa vida noturna das grandes cidades de Taiwan, especialmente os chamados “night markets” ou mercados noturnos, onde, atesta o fotógrafo,“vende-se de tudo, desde comida, utilitários até equipamento eletrônico de última geração”. Eles têm, segundo Knoll, um papel central no cotidiano do país, pois é ali que as pessoas compram o que precisam e se relacionam umas com as outras. Isso fica evidente na curadoria de Ricardo Resende, que fez uma seleção de fotos que privilegiam esse espaço capital na vida dos taiwaneses. Foram esses mercados noturnos que serviram de inspiração para a montagem da exposição, feita com backlights e pouca luz ambiente, trazendo para São Paulo um pouco da atmosfera de contraste entre luz e sombra dessa verdadeira instituição da cultura local.
Ao ver a seleção de trabalhos, um observador mais atento vai notar a recorrência de scooters, uma espécie de lambreta, que é o meio de transporte mais popular da ilha, uma verdadeira instituição taiwanesa que está presente de norte a sul do país.
O resultado do trabalho e da curadoria são imagens que fogem àquilo que poderia ser lido com mero registro etnográfico, revelando de maneira poética o cotidiano do país em cenas de grande lirismo.